ATA DA CENTÉSIMA DÉCIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA
SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM
02-12-2010.
Aos dois dias do mês de dezembro do ano de dois mil
e dez, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a
segunda chamada, respondida pelos vereadores Bernardino Vendruscolo, Dr. Raul
Torelly, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel,
Maria Celeste, Mauro Pinheiro, Mauro Zacher, Nilo Santos, Paulinho Rubem Berta
e Toni Proença. Constatada
a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos.
Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Adeli Sell, Alceu Brasinha,
Aldacir José Oliboni, Beto Moesch, Carlos Todeschini, DJ Cassiá, Dr. Thiago
Duarte, Fernanda Melchionna, Idenir Cecchim, Luiz Braz, Mario Manfro, Maristela
Maffei, Paulo Marques, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Sofia
Cavedon e Tarciso Flecha Negra. À MESA, foi encaminhado, pelo vereador João
Carlos Nedel, o Projeto de Lei do Legislativo nº 182/10 (Processo nº 4169/10).
Do EXPEDIENTE, constaram os Comunicados nos 130758, 130759, 130760,
130761, 130762, 130763, 137912, 137913, 137914 e 137915/10, do senhor Daniel
Silva Balaban, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação –
FNDE. Em continuidade, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado,
nos termos do artigo 180, § 4º, do Regimento, a palestras sobre o patrimônio
imaterial e histórico do Viaduto Otávio Rocha, localizado na Avenida Borges de
Medeiros, em Porto Alegre. Compuseram a Mesa: o vereador Mauro Pinheiro, 2º
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o senhor Jorge Alberto
Soares Barcellos, Chefe da Seção de Memorial deste Legislativo; a senhora Neusa
Rolita Cavedon, Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; e o
senhor Pedro Rubens Nei Ferreira Vargas, Especialista em Patrimônio Cultural em
Centros Urbanos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Após, o senhor
Presidente concedeu a palavra, nos termos do artigo 180, § 4º, incisos I e II,
aos senhores Jorge Alberto Soares Barcellos, Neusa Rolita Cavedon e Pedro
Rubens Nei Ferreira Vargas, que se pronunciaram sobre o tema em debate. Durante
o pronunciamento do senhor Jorge Alberto Soares Barcellos, foi realizada
apresentação de audiovisual referente ao tema abordado por Sua Senhoria. Em
COMUNICAÇÕES, nos termos do artigo 180, § 4º, inciso III, do Regimento,
pronunciaram-se os vereadores Sofia Cavedon, Toni Proença, Adeli Sell, Pedro
Ruas, Fernanda Melchionna, Reginaldo Pujol, Bernardino Vendruscolo, Sebastião
Melo e Dr. Raul Torelly. Às quinze horas e quarenta e um minutos, os trabalhos
foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e quarenta e
três minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, o senhor Presidente
convidou para debate cultural sobre o tema Viaduto Otávio Rocha, a ser
realizado hoje, às vinte horas, no Everest Porto Alegre Hotel. Em GRANDE EXPEDIENTE,
pronunciaram-se os vereadores Paulinho Rubem Berta e Paulo Marques. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o vereador Dr. Thiago Duarte. Em PAUTA,
Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei Complementar
do Executivo nos 013 e 014/10, os Projetos de Lei do Executivo nos
054, 056, 058 e 059/10 e o Projeto de Resolução nº 039/10; em 2ª Sessão, o
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 012/10, o Projeto de Lei do
Legislativo nº 177/10 e os Projetos de Lei do Executivo nos 043 e 055/10.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Nilo Santos, Maria
Celeste, Luiz Braz e Sofia Cavedon, esta pela oposição. Às dezesseis horas e
trinta e sete minutos, nada mais havendo a tratar, o senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelos vereadores Mauro Pinheiro, Bernardino Vendruscolo e Toni
Proença e secretariados pelo vereador Bernardino Vendruscolo. Do que foi
lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelos
senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Passamos às
Hoje, este período é
destinado à apresentação do tema específico “Patrimônio Imaterial e Histórico
do Viaduto Otávio Rocha”.
Convidamos para compor a Mesa o Sr. Jorge Alberto
Soares Barcellos, a Srª Neusa Rolita Cavedon e o Sr. Pedro Rubens Nei Ferreira
Vargas.
O Jorge Barcellos está com a palavra em Comunicações.
O SR. JORGE ALBERTO SOARES BARCELLOS: Boa-tarde a
todos! O motivo desta iniciativa é em função das comemorações do aniversário do
Viaduto Otávio Rocha. O grupo organizado em torno dos comerciantes do Viaduto
tem hoje uma disputa e um conflito importante em relação ao seu trabalho com a
Administração Pública, e o nosso objetivo é trazer alguns elementos que possam
ser auxiliares do Poder Público para ele decidir o que fazer, o que encaminhar.
Esta atividade foi
uma solicitação da Verª Sofia Cavedon. Eu fico bastante orgulhoso de poder me
dirigir aos Vereadores para mostrar algumas características do Viaduto Otávio
Rocha. Os Vereadores poderão ver, na entrada do plenário, alguns banners em exposição chamada Viaduto da
Borges de Medeiros.
Com a apresentação de
hoje, os Vereadores vão ver que o Viaduto tem problemas que são antigos e que
há um movimento social tentando valorizar o monumento, que é o Viaduto. Penso
que isso vai poder auxiliar a pensar em que novo tipo de patamar está a
discussão histórica que envolve o Viaduto.
Alguns antecedentes
são importantes para que conheçamos um pouco daquele espaço. Dos antecedentes
que fazem parte do monumento do Viaduto Otávio Rocha está justamente a própria
avenida, que é a Av. Borges de Medeiros, que começa na Av. Mauá e termina na
Av. Padre Cacique, mas o primeiro elemento que a abordagem histórica mostra é
que nem foi assim. De fato, a Av. Borges de Medeiros não existia, existia uma
rua chamada General Paranhos naquelas imediações. O Pereira Coruja, que foi um
famoso cronista, extremamente importante da nossa Cidade, dizia, numa obra
chamada Antigualhas, de leitura obrigatória, que aquele espaço em que está hoje
a Av. Borges de Medeiros eram de fato três pedaços de vielas, de ruas muito
acanhadas que foram reunidas. Entre a Rua Riachuelo e a Rua Duque de Caxias,
nós tínhamos um pedaço que era a Travessa do Poço, ou Beco do Poço; entre a Rua
Riachuelo e a Rua Andrade Neves, tínhamos o Beco do Freitas, e entre a Rua
Duque de Caxias em direção à Zona Sul, nós tínhamos o Beco do Meirelles. Todas
as imagens que são mostradas pelo datashow
são da construção do Viaduto.
Uma coisa importante
e que nunca se enfatiza na história do Viaduto, Presidente, é a ligação da
Câmara Municipal, desde os seus primórdios, com aquela região. Por quê? Porque
houve uma Resolução da Câmara em 30 de outubro de 1871 - evoca-se aí a
necessidade de o Parlamento estar atuante. Hoje, quando se tem um debate sobre
o destino do Viaduto, isso já vem desde de 1871, com a Resolução da Câmara, que
unificou as três denominações populares e denominou “região” a Rua General
Paranhos.
Nós temos referências
nas atas da Câmara Municipal desde 1830 em relação à nomenclatura popular, e a
Câmara organizou, ali, a denominação anterior da Borges de Medeiros, a Rua
General Paranhos. Então, agora a ideia de reforma daquele espaço é que faz
nascer o Viaduto da Borges, nasce no final do século XIX. E no século XIX, já
tem uma característica que vocês vão ver no depoimento da Professora Neusa, que
se repete; era um beco, era uma viela, era aquilo que a Professora Sandra
Pesavento dizia, e dizia muito bem: fazia parte da “cidade maldita”. Nós
fizemos uma exposição, no início do ano, sobre a cidade maldita. A cidade
maldita era a cidade malfalada em Porto Alegre, dos becos, dos botequins, da
zona de prostituição, e é por causa disso que a zona vai sofrer um objeto de
reforma a partir de 1894, para ser exato. É claro que é durante a Gestão do
Prefeito Otávio Rocha que são feitas as grandes reformas, mas é o Intendente
Augusto Azevedo, em 1894, que, pela primeira vez, toma a iniciativa de fazer a
intervenção do Poder Público; ele incumbe o cidadão Samorim Gustavo de Andrade
e outros a tarefa de começar as medidas de alargamento do beco. Então, é
importante isso; o Poder Público tem que acompanhar e ter um compromisso de dar
condições àquela região.
Quando iniciou,
modestamente, a reforma do espaço construído pela Administração José Montaury -
e o Ver. João Dib sabe da importância do Projeto da Comissão de Melhoramentos e
Embelezamentos de Porto Alegre, da importância do Plano de Melhoramentos de
João Moreira Maciel, em 1914 -, foi dada a largada para a grande reforma da Av.
Borges de Medeiros, e ela teve uma função estratégica em Porto Alegre, porque
foi, pela primeira vez, a forma que a Cidade encontrou de se ligar à Zona Sul.
Então, de fato, a grande abertura da parte posterior em direção à Av. Praia de
Belas foi tardia, mas nasce já com uma grande função viária. Agora, não é
apenas isso, é evidente. Esse Viaduto, que nasce com a função viária, vai ter
sua função transformada ao longo do tempo e, depois de construído, vai conhecer
dois períodos ditatoriais que vão ressignificar o seu uso pela Cidade até o
final dos anos 80, início dos anos 90, quando ele vai ter um segundo significado.
Por que estou apontando isso? Porque o Viaduto nasce dentro de um projeto de
reforma da Cidade, que é extremamente importante para ressignificar a região. O
Viaduto Otávio Rocha é o primeiro ícone da modernidade da Cidade, é o primeiro
ícone que encarna esse ideal de ordem e progresso que Porto Alegre tem, e por
isso recebeu tanta atenção do Poder Público.
Há um detalhe do
Relatório de 1925, de Otávio Rocha, no qual ele disse: “Ao assumir o cargo,
encontrei iniciado o melhoramento, mas também a necessidade de alargar ainda os
trechos de determinadas ruas, porque não se tratava apenas de uma obra de
embelezamento e higiene, mas de uma grande obra de viação”, ou seja, a obra era
necessária para melhorar o tráfego dos veículos e descongestionar o que já
estava se tornando um problema, que era a circulação de bondes; era a grande
obra para encurtar a extensão, o caminho aos novos arrabaldes. O Viaduto custou
14 mil contos de réis, criou uma série de dificuldades financeiras para ser
concluído, houve questões judiciais que se arrastaram com proprietários de
imóveis, Foi feito pela empresa Dyckerhoff & Widmann um projeto de um
arquiteto importante, que é Manoel Itaqui, concluído em 1932, faltando botar os
trilhos de bonde, pois havia conflito com proprietários da esquina da Av.
Salgado Filho para poder fazer a liberação.
E o que aprendemos
com o Viaduto da Borges? Primeiro, a conhecer quem o construiu, que é Manoel
Itaqui, um arquiteto que é praticamente desconhecido da maior parte da
população. Ele tem memória, criou o projeto; morava nas imediações, na Rua José
do Patrocínio, fez o Curso de Engenharia na primeira turma, foi professor da
Faculdade de Engenharia até 1928, quando saiu para ser Engenheiro Civil; é o
principal criador do Observatório Astronômico da UFRGS, do antigo Colégio Júlio
de Castilhos, da antiga Engenharia, da Confeitaria Rocco e do Viaduto da
Borges. Ele tem um legado que poucas pessoas conhecem, que é a hora certa da
Cidade. Observem que interessante o que descobrimos com a construção do
Viaduto: esse autor teve a ideia de colocar grandes relógios em determinados
pontos da Cidade, na Casa Masson, por exemplo, para que a população pudesse
controlar o horário e assim estar pronta para o trabalho; disciplina do
trabalho para aqueles que compreendem o tema é o caminho simbólico que ele
ajudou a construir.
E quem concluiu essa
obra de alargamento? É, mais uma vez, um dos grandes Prefeitos da Cidade, que
só poderia ser José Loureiro da Silva, ou seja, na década de 40, a partir de
1943, em sucessivas Administrações. Friso a importância histórica do Monumento.
A ideia de construí-lo foi em meados do século XIX; começou a ser construído na
década de 20, inspirado até - esqueci de falar - nos grandes ideais da
arquitetura francesa. Aliás, Porto Alegre tem muitas semelhanças com Paris, que
também teve que regular os diques por causa do rio Sena; e Porto Alegre teve
que regular sua relação com o rio Guaíba, com o estuário. Porto Alegre também
teve que abrir caminho para que pudéssemos ter acesso ao Centro; Paris também
fez grandes reformas com grandes viadutos. Enfim, é um ícone que nos aproxima
também do ideal de desenvolvimento.
Então, é importante,
quando vemos o conflito e os movimentos que se juntam em seu entorno, resgatar
um compromisso público, que é acompanhar, intervir nessa discussão da melhor
forma possível, para preservar esse legado que o Viaduto encarna. Muito
obrigado. Passo a palavra à Srª Neusa Rolita Cavedon.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. NEUSA ROLITA CAVEDON: Boa-tarde a
todos. A pesquisa que realizei no período de 2002 a 2004 era um projeto enviado
ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq -, que
foi aprovado, chamado “Caminho, Desilusões e Comércio: Memória coletiva e Ações
Administrativas dos Permissionários do Viaduto Otávio Rocha”. Vários artigos
foram elaborados a partir dessa pesquisa. Um deles traz a relação da violência
urbana, a violência naquele contexto, com a administração das lojas. O Viaduto
foi escolhido, porque, anteriormente, eu havia realizado uma pesquisa no
Mercado Público de Porto Alegre, em que havia o restauro, havia a relação com o
Poder Público, e a religiosidade era um ponto importante. Quando se trata do
Viaduto, havia também um restauro, havia a relação com o Poder Público, e a
dramaticidade foi o aspecto mais importante que se fez presente nos relatos dos
permissionários. Essa violência se constitui, na verdade, de três formas mais
significativas. Os relatos que as pessoas faziam, passados oito anos ou mais,
sempre mencionavam aspectos bastante violentos que eles presenciaram; sobre os
suicídios - as pessoas se suicidavam ali, no Viaduto. As pessoas faziam relatos
mostrando como era visualizar aquilo; a questão dos acidentes de trânsito,
também, contados, muitas vezes, em detalhes por parte dos lojistas, e a
questão, obviamente, dos assaltos que aconteciam no entorno das lojas e, ao
mesmo tempo, dentro das próprias lojas. Uma lojista conta que chegou a ter um
aborto por conta de ser ameaçada com uma faca, pois a sua loja foi invadida, e
atos violentos a ela foram desferidos.
Então, por parte de
algumas pessoas, havia o questionamento: por que as pessoas que estão atuando
nas lojas do viaduto não se modernizam? Por que não acontece uma ação de marketing mais forte? Bom, aí nós fomos
olhar o que havia em relação ao turismo naquela área da Cidade, e nenhum
catálogo - pensem bem que isso é em 2002 - da Cidade contemplava o Viaduto como
um ponto turístico. Havia, por parte dos permissionários, portanto, uma
sensação de abandono; eles se sentiam excluídos de qualquer ação que viesse a
dar visibilidade a eles, e isso era relatado também por pessoas com as quais a
gente mantinha contato, e elas diziam nem perceber que havia lojas ali embaixo
do viaduto e diziam que havia umas portinhas vermelhas, mas o que eram as
portinhas vermelhas, ou bordô, eles não sabiam dizer.
Então, a
invisibilidade associada à violência a que eles estavam sujeitos nos pareceu
ser um fator que fazia com que essas pessoas pensassem que o ontem, o hoje e o
amanhã seriam iguais; havia uma estagnação. Inclusive um movimento no sentido
de se unirem e criarem uma associação forte, para que o diálogo com o Poder
Público pudesse acontecer, isso, naquela época, era inexistente.
Também se pensou na
geografia, pois as lojas têm a avenida cortando-as, são lojas de um lado e do
outro do Viaduto. Então, talvez isso também fosse um fator simbólico que não
estimulasse muito a união. O que a gente percebeu, na época, foi um
individualismo bastante forte de cada permissionário e a falta de ações
coletivas que buscassem solucionar seus problemas. Então, a nós eram relatadas
sempre as dificuldades, mas, quando nós questionávamos a possibilidade de as
pessoas se unirem, elas eram todas coerentes dizendo que não havia uma união por
parte dos permissionários, não havia essa busca por parte deles.
A gente está falando
do passado, mas acredito que algumas coisas se mantêm, especialmente a
violência, porque eu sou uma pessoa que transita por ali com frequência, e eu
percebo que essa questão ainda permanece, mas a questão da associação já se
constituiu.
Quanto à
invisibilidade, eu ainda percebo que algumas pessoas de Porto Alegre não se dão
conta de que ali existem comércios. E alguns comércios que eram bastante
importantes, que acabavam atraindo pessoas para ali, foram extintos. Então
algumas lojas não existem mais. Inclusive, na época da pesquisa, o pessoal
gostava muito de fazer referência ao fato de que artistas da Rede Globo
procuravam aquele espaço para comprar alguns produtos que lhes eram
necessários.
O que a gente percebe
é que, de lá para cá, algumas alterações aconteceram. Não estou mais como
pesquisadora, mas como frequentadora daquele espaço, pois passo por ali. Esta
também era uma questão importante na pesquisa, a questão de ser um lugar de
passagem. Então as pessoas não se atinham a ficar olhando, a adentrar as lojas
para fazer algum tipo de compra ou até a perceber que aqueles comércios ali
existiam.
Enfim, a gente
desenvolveu outros estudos tratando sobre a questão de empresas familiares, e
muitos comerciantes não conseguiam vislumbrar outro espaço de atuação que não
aquele, por toda a tradição, por toda a sua vivência, por toda a memória que
possui aquele espaço desde muitos anos.
Outros trabalhos
fomos desenvolvendo sobre a questão de estratégias de pequenos negócios, enfim,
mas todos com a particularidade daquele espaço, com as peculiaridades que lá
estão, onde a gente tem alguns ofícios que, muitas vezes, já se encontram em
extinção. Então, talvez seja importante preservar não só a questão do Viaduto,
arquitetonicamente, mas também esses ofícios em extinção que são tão
importantes, e essas pessoas gostariam de manter também uma tradição
importante, uma tradição a ser resguardada. Obrigada.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PEDRO RUBENS NEI FERREIRA VARGAS: Boa-tarde a todos. Obrigado pelo convite. Quando o Jorge me convidou,
solicitou que eu fizesse uma colocação sobre a questão do conceito de
Patrimônio Cultural, sua constituição e a questão das políticas públicas a este
respeito.
Eu vou começar
falando sobre as diferenças entre tombamento e registro. Não é só uma diferença
formal, mas é uma diferença de conceito e também de representação relacionada à
questão de patrimônio. A palavra “tombamento”, que é comum, se refere sempre ao
patrimônio de pedra e cal, o chamado patrimônio material. Então, todos os
prédios, não só prédios, mas espaços públicos, como praças, ruas, são tombados.
O tombamento é uma forma de proteção daquele bem, que não pode sofrer
modificações sem autorização. Quanto à questão do patrimônio imaterial, não é
feito um tombamento, mas um registro, porque patrimônio imaterial, como a gente
vai ver ao longo do que eu vou discorrer aqui, é mutável. Patrimônio imaterial
é uma prática social e, como qualquer prática, ela tem influência de outras
práticas, de outros grupos sociais. Então, não é uma coisa que dá para ser
engessada, não dá para ser tombada. Por isso, é feito um registro.
Depois, eu vou
discorrer um pouco mais sobre a Lei Federal. Este registro, quando concedido, a
cada 10 anos, tem que ser refeito para ver se ainda continua como uma
representativa do grupo social que pediu; diferente do tombamento, que é
permanente, que é a questão do patrimônio material.
Esta questão do
patrimônio é importante, porque é a representação de grupos sociais, de grupos
étnicos dentro de uma sociedade complexa. Numa sociedade complexa como a nossa,
como em qualquer sociedade atual, há várias grupos, e esses grupos sociais,
sujeitos sociais, precisam ter um sentimento de pertencimento àquela
comunidade, até para poder amar o espaço em que eles estão interferindo, tendo
um processo de cidadania. Então, esses grupos precisam de uma representação,
dentro desse escopo, do que é a cidade. Nesse sentido, o patrimônio é a forma
de como esses grupos se sentem representados, porque identificam naquele
patrimônio, que tem a chancela do Poder Público, algo que lhes diz respeito. E
os grupos sociais, conhecendo o patrimônio dos outros, conhecem a si mesmos e
têm respeito pela cultura dos outros grupos. Por isso é importante e, também, é
uma forma de conhecimento da sociedade através do estudo do seu patrimônio.
Como chegamos à
questão do patrimônio material e imaterial? Foi através de uma longa luta. No
Brasil, por exemplo, o Decreto Lei de 1937 reconhece o Patrimônio da Nação.
Patrimônio material não são só edificações, mas contempla objetos em museus,
obras de arte, livros, bibliografias importantes - tudo é tombado como
patrimônio, e o representa. Só que a maioria do patrimônio nacional era
colonial: Minas Gerais, São Paulo, a Igreja das Dores, em Porto Alegre - uma
das primeiras -, a Catedral de Viamão; mas sempre patrimônios que representavam
uma camada social específica, em geral grupos de portugueses que participaram
da colonização brasileira e de grupos de elite. Vários outros grupos que fazem
parte da sociedade brasileira, gaúcha, porto-alegrense, e que são importantes
por seu trabalho, não se sentiam representados na questão patrimonial. Pode-se
citar, na questão de gênero, as mulheres, os negros, os ciganos; operários, em
particular - não tinham uma representação patrimonial. Se tu não tens uma
representação patrimonial, tu te sentes excluído, como grupo, como sujeito
social daquela sociedade. Essa é a questão. E isso também acontece em nível
mundial. O patrimônio sempre foi ligado às grandes obras de arquitetura, isso
pouco depois da 2ª Guerra Mundial, a partir dos anos 50, 60, quando também se
começou a pensar em sítios históricos nas cidades, no patrimônio representativo
da população, que não eram grandes obras arquitetônicas, mas que eram chamadas
“arquitetura vernacular”, que relacionavam outros grupos importantes também por
seu casario e outras coisas.
Em 1972 - isso é
interessante -, a ONU fez uma declaração do que era patrimônio mundial. E
novamente só havia grandes obras de arquitetura. Nesse sentido, a Bolívia foi a
primeira a fazer um protesto formal à ONU, porque a Bolívia tem um patrimônio
muito rico ligado às camadas indígenas; e esse patrimônio não era representado
como patrimônio mundial, porque as práticas indígenas não têm grandes
construções, são outros tipos de práticas, são artesanatos, cestarias, mas isso
é representativo da população da América. A partir de 1972, e baseado
principalmente no exemplo dos países orientais, que têm uma postura de
patrimônio até hoje, diferentemente do Ocidente ... Por que eu estava falando
no Ocidente? No Ocidente, se tomba o prédio, se tomba a praça, se tomba a obra
de arte, e ela não pode mais ser tocada. A ideia é deixar aquilo
permanentemente no tempo. No Oriente, principalmente no Japão, esse movimento,
por volta dos anos 60, é justamente o contrário, o que importa é a forma de
construir, é o ritual para construir. Aquelas igrejas, aqueles templos bonitos
de 2.000 anos que vimos no Japão, na prática não têm 2.000 anos; eles são
totalmente reconstruídos a cada período. Eles são destruídos e reconstruídos. O
que importa é a forma de passar como se constrói, o ritual, o fazer, os grupos
que podem contribuir, cada um de uma forma, as mulheres, os homens, as
crianças. Esse é o patrimônio, é a transmissão, é uma coisa processual, é um
processo de transmissão do saber. Então, é outro conceito.
No Brasil também
começou um movimento muito grande para a formação de uma legislação sobre
patrimônio imaterial. E o Brasil já tinha uma experiência ligada ao artesanato,
à música popular, que vinha desde os anos 50. E foi no ano de 2000 que, pela
primeira vez, se promulga no Brasil uma lei que compõe o registro do patrimônio
imaterial. E esse registro são formas de transmissão de saber, que pode se dar
por meio de ritual, pode ser por uma prática, por uma tecnologia, desde que
essas práticas representem os grupos sociais. Culinária pode ser patrimônio,
desde que se possa passar a transmissão de avó para neto, de pai para filho;
uma forma que envolve uma canção, que envolve toda uma prática - isso é
patrimônio, porque é significativo para aqueles grupos, assim como também é um
ritual qualquer. Esse passa a ser o conceito de patrimônio - patrimônio
material e imaterial, que são as transmissões de saber e as práticas que dizem
respeito aos grupos.
Outro conceito que
surgiu com isso, que tenta agregar os dois, é o conceito de patrimônio
cultural, porque um prédio, assim como o próprio Mercado Público, aqui em Porto
Alegre, ou vários outros, são, ao mesmo tempo, patrimônio material e patrimônio
cultural ou patrimônio imaterial, porque ele, em si, além de um prédio que é
significativo para a história da Arquitetura, para a história da Cidade, para as
representações, também tem várias significações para os grupos que com ele têm
algum tipo de relação; ele significa muitas coisas, e coisas diferentes para
cada grupo; ele faz parte de uma memória social. Então, isso é o patrimônio
cultural. Patrimônio cultural é algo pelo que se pode fazer uma leitura da
sociedade passada. Ao mesmo tempo, ele tem um conceito de significação para a
sociedade atual, para os grupos que com aquele patrimônio mantêm uma relação.
Então, esse é o conceito de patrimônio cultural, que faz essa agregação.
A gente pode falar
também em memória social e memória histórica. A produção de memória social
sempre diz respeito ao espaço vivo, àquilo que as pessoas perguntam do presente
- é emotiva. Então, qualquer grupo tem uma memória emotiva: “eu me lembro de
algum lugar”. Por exemplo, eu posso passar por uma praça e me lembrar de que,
naquele banco, eu tive uma namorada com 15 anos ou que o meu pai me levava ali.
Aquele objeto me provoca uma memória emotiva. E memória emotiva faz parte do presente
dos grupos sociais, que é diferente da memória histórica, que é uma memória de
longa duração, de um grande distanciamento. E aí exige um professor, um
monitor, um artifício, uma placa, alguma coisa para trazer essa memória que
também faz parte da identidade da sociedade.
Trabalhando nessa
questão dos conceitos, era isso o que eu tinha para colocar no momento.
Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): A Verª Sofia
Cavedon está com a palavra em Comunicações.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Ver.
Mauro Pinheiro; Profª Neusa, Profº Pedro, Profº Jorge, eu queria agradecer ao
Jorge a articulação que ajudou a construir a partir da demanda dos
permissionários do Otávio Rocha, a quem cumprimento na pessoa do Flores, que
está bravamente organizando uma luta para que haja uma interlocução verdadeira
e respeitosa com quem por tanto tempo construiu uma relação significativa da
nossa identidade, da nossa história, da construção da cidade de Porto Alegre.
Acho que o painel foi
muito feliz. A gente aqui tem dificuldade para acompanhar as coisas, porque a
Câmara, todo o tempo, nos demanda uma série de questões, mas acho que vocês
foram muito felizes em demonstrar que o Viaduto Otávio Rocha tem um significado
muito além do de ser uma obra de arte, uma obra estética ou funcional, mas um
espaço, uma obra da nossa identidade cultural e da nossa memória. Acho que o
material que o Pedro nos trouxe com muita pertinência reproduz o que fizemos
com os grupos que não pertencem às elites, que não são os vencedores da
história do Brasil, a forma como dizimamos o patrimônio dos nossos índios, que
é um patrimônio constitutivo dos nossos hábitos, da nossa forma de pensar, da
nossa forma de organizar a habitação, a alimentação e a família, e, se fizermos
uma analogia, se permitirmos a destruição dessa vida, dessa história e dessa
memória que tem o Viaduto, como foi feito com esses grupos, com vários grupos
étnicos que não foram os vencedores da história, nós abriremos mão do direito
de pertencimento, do direito de as gerações conhecerem essa história.
Eu anotava aqui
quando o Pedro disse que, para os orientais, o mais importante é o processo de
construção. Eu lembrava que ali tem uma história contada por cada um daqueles
espaços, mas tem muitas “estórias”, com certeza, que poderiam, e podem, e devem
ser recuperadas pela vivência, pela experiência, pelo que significa para a
preservação dessas histórias e “estórias” a presença dos permissionários do
Otávio Rocha.
Acho que a Neusa
captou muito bem o que a gente percebeu na visita, no ano passado, durante a
discussão do Plano Diretor, ao Viaduto Otávio Rocha: o abandono, a
invisibilidade, e eu agregaria o empobrecimento, a miserabilidade dos espaços
aos quais estão submetidos os permissionários. Acaba se criando um círculo
vicioso, pois, como o lugar está embolorado, sujo, com moradores de rua
dormindo por ali, a partir do final de tarde torna-se um lugar para não se ir,
e, como não há iluminação, como as escadarias estão depredadas ou escuras, eles
também não vendem, não têm atividade - isso deprime, tira a iniciativa. Essa é
a situação com a qual, bravamente, resistem os permissionários do Otávio Rocha.
Como aqui nós temos a
grande responsabilidade de fazer com que a democracia se realize plenamente,
porque estamos em instância do contrato social da democracia construída até
agora no Brasil e em Porto Alegre, eu acho que não dá para esta Casa aceitar o
fato de, além dos cidadãos, essa história seja desrespeitada, não seja
considerada, não seja relevante ao se repensar, ao se pensar na revitalização
do Viaduto Otávio Rocha.
Acho que este é o
grande registro que queremos fazer neste período de Comunicações: o Governo
Municipal não tem o direito de pensar um projeto de revitalização independente,
desrespeitando, sem dialogar, sem considerar e sem incluir os permissionários e
a cidadania organizada no entorno do Viaduto Otávio Rocha.
Eu quero aqui fazer
uma proposta: nós temos uma mobilização cultural importante em torno do
Viaduto, que não é só comercial. Na verdade, a maioria dos permissionários tem
um corte - aqui foi dito pela Neusa, identificado - de cultura, de ofícios, de
memória, de sebo, de manifestação cultural, como é o espaço dos autores
independentes; a proximidade com a ARI, com o teatro; com o Bar do Nani, que
reúne os cartunistas toda a terça-feira, que é coberto de cartoons. Nós temos um grande ponto cultural naquele Viaduto que
deve ser potencializado, na minha opinião e, por esse viés, revitalizado,
porque a cidade de Porto Alegre é contemporânea, cosmopolita, e seria muito
melhor se a sua manifestação cultural fosse valorizada na sua pluralidade e na
sua riqueza.
Nós tivemos, nessa
semana, uma Audiência Pública sobre o descaso com as obras de arte espalhadas
na cidade de Porto Alegre, que, além de depredadas, sujas, abandonadas e
transformadas num risco, elas são desconhecidas pela população, que nem sequer
as enxergam, e, quando enxergam, até acham que algumas são aberrações; não têm
identificação, não há promoção do espaço, do lugar, e cuidado. Portanto, não é
diferente do destino que querem dar para o Otávio Rocha. E a alternativa,
muitas vezes, é: elimina, retira, como talvez se proponha para as obras de
arte. Não! Porto Alegre não abre mão da sua cultura, da sua produção criativa,
estética e da sua gente, que é o que faz uma cidade humanizada e boa para se
viver.
Então, parabéns pela
luta, pela resistência, e que esta Casa se manifeste dessa maneira ao
Secretário Municipal de Cultura e da SMIC. Obrigada. Obrigada pela presença de
vocês. (Palmas.)
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Toni
Proença está com a palavra em Comunicações.
O SR. TONI PROENÇA: Sr. Presidente, Ver.
Mauro Pinheiro; quero cumprimentar o Jorge Barcellos, responsável pelo nosso
Memorial, principalmente por aproximar a Câmara dos Estudantes de Porto Alegre;
o Pedro Rubens Nei Ferreira, que nos brindou aqui com a belíssima manifestação,
embora curta, sobre a diferença entre patrimônio imaterial e patrimônio
cultural; e a Srª Neusa Rolita Cavedon, que também nos trouxe boas informações.
Quero cumprimentar o
Jorge - Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores -,
pela possibilidade de a gente discutir o tema do Viaduto Otávio Rocha no
momento em que se anunciou, na imprensa, a intenção de transformar a
revitalização do Viaduto numa Parceria Público-Privada, que, aliás, foi criada
com a intenção de atender a políticas públicas e objetivos quando o Estado não
tem competência para fazê-lo; portanto, bem longe da revitalização de um
viaduto que é um patrimônio material, patrimônio cultural e histórico e uma via
importantíssima tanto na sua parte de cima, com a Rua Duque de Caxias, quanto
na Av. Borges de Medeiros. Quero cumprimentar os permissionários do Viaduto que
aqui estão e que tanto lutam.
Eu não tenho a
fórmula para resolver esse problema, mas acho que Porto Alegre tem e resolveu
esse problema no Mercado Público. Hoje temos o Mercado revigorado,
revitalizado, pujante, que é, ao mesmo tempo, um grande atrativo turístico e um
mercado de abastecimento para a população, principalmente para a população de
menor renda de Porto Alegre, mas também para as elites que o frequentam,
principalmente nos finais de semana.
Nós ainda não tivemos
a capacidade e a competência de resolver isso com o Viaduto Otávio Rocha. É
verdade, ele precisa, sim, ser revigorado. Ele tem uma característica toda
peculiar, que são os edifícios que ficam na sua parte lateral, nas escadarias.
Para ali, tem-se que buscar soluções para o vandalismo, para o mau uso. Eu acho
que a gente pode fazer isso através do Poder Público, porque, certamente, só
ele terá a sensibilidade e o compromisso social de preservar não só o
patrimônio e a importância da via pública como também os objetivos do ponto de
vista do patrimônio imaterial, com os ofícios ali estabelecidos e com os
pequenos comércios. Só o Poder Público pode fazer isso porque não busca lucro
na sua atividade. Toda vez que se fizer - e nós temos a experiência do
Camelódromo, que está aí bem presente para todos nós - uma intervenção, uma
parceria, um contrato com a iniciativa privada, o objetivo inicial dessa
parceria será o lucro; e o lucro não tem sensibilidade e não tem compromisso
social.
Portanto, acho que
nós temos que nos debruçar e buscar construir uma alternativa, que não essa que
foi anunciada. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Adeli
Sell está com a palavra em Comunicações.
O SR. ADELI SELL: Meu caro colega,
Presidente Mauro Pinheiro; nossos ilustres visitantes, nossos palestrantes -
porque foram, efetivamente, três palestras -, eu tenho um amor, um carinho
especial pelo Viaduto, porque lá, por 16 anos, exerci a atividade de livreiro,
uma atividade que eu faço questão de citar, sistematicamente, no meu currículo.
Quero cumprimentar as pessoas que estão aqui nos visitando, especialmente o
pessoal que veio do Viaduto. Nós temos um lindo, magnífico patrimônio que a
maioria dos porto-alegrenses desconhece exatamente pela falta de divulgação que
foi aqui citada - falta colocar isso nos nossos materiais de divulgação da
Cidade.
Eu tive a honra de
receber o apoio total e absoluto desta Casa ao propor a Semana do Viaduto. Hoje
é Lei Municipal, e nós estamos exatamente na Semana do Viaduto.
Certa feita, fui chamado
pelo ex-Prefeito José Fogaça para uma conversa, porque escrevi um longo e vasto
documento sobre o Viaduto; depois fui com o pessoal do Viaduto conversar com
ele - alguns estão aqui -, e ele me perguntou se eu toparia, mesmo sendo um
Vereador da oposição, na época, fazer parte de um grupo de trabalho. Eu disse
que sim: na hora que me chamasse, eu estaria lá. Estou esperando até hoje.
Nós temos ideia, sim,
sobre o Viaduto, inclusive sobre esse propalado tema da falta de capacitação,
de organização dos empreendimentos lá. É uma realidade - eu sei, eu vivi lá! Eu
nunca recebi qualquer apoio, na época, do Sebrae ou de uma outra instituição;
nunca recebi o apoio da antiga Epatur ou de uma Secretaria para divulgar o
Viaduto. Nunca, absolutamente nunca! Não é problema de uma gestão, porque o meu
Governo passou alguns bons anos na Prefeitura e também não distribuiu nenhum
panfleto, não fez nenhuma divulgação, qualquer coisa sobre o Viaduto. Parece
que existe um carma, alguma coisa que nos castiga, parece que estamos fadados a
carregar a história desse Viaduto sem o apoio do Poder Público local. Não estou
fazendo aqui nenhuma crítica a qualquer Administração! Estou apenas constatando
questões. Essa questão da divulgação, em Porto Alegre, é um velho problema. Eu coloquei,
recentemente, alguns temas no meu livro “Porto Alegre, a Modernidade Suspensa”.
Eu vejo, aqui na minha frente, Jorge, exatamente, a modernidade suspensa. O
Viaduto foi uma edificação de vanguarda desse engenheiro, desse ousado
engenheiro, esta obra de arte importante, que ficou suspensa no ar, virou gris,
cinza, suja, pichada, abandonada, local de vandalismo, local de insegurança,
porque a modernidade foi suspensa. Nós não caminhamos segundo o ritmo das
cidades, ou da cidade de Porto Alegre; pelo contrário, nós começamos um
processo de marcha a ré. Eu não quero fazer uma discussão teórica, porque,
muitas vezes, quando eu cito o título do meu livro, “Porto Alegre, a
Modernidade Suspensa”, as pessoas acham que é uma tese de doutorado sobre
arquitetura e sobre urbanismo. Eu não sou arquiteto nem urbanista, mas sou um
Vereador comprometido com a cidade de Porto Alegre e eu tenho capacidade, tenho
relação na Cidade para discutir, exatamente, os nossos problemas. Nós
precisamos, sim, de financiamento ousado para qualificação dos espaços, porque
espaços como esses, em outras cidades do mundo, teriam financiamento público a
fundo perdido para transformar uma lancheria num café de Primeiro Mundo, para
transformar aquelas lojinhas que vendem cultura, que vendem discos, que vendem
CDs, que vendem livros - para citar apenas a área que me toca diretamente, que
é a cultura, gastronomia e turismo. Eu sugeri ao Prefeito, por exemplo, que
colocasse lá o SAT, um Serviço de Atendimento ao Turista, porque, dessa forma,
as pessoas parariam lá e conheceriam o Viaduto. Eu tenho muitas questões,
inclusive coloquei um material que vou distribuir em seguida...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Pedro
Ruas está com a palavra em Comunicações.
O SR. PEDRO RUAS: Presidente, Ver.
Mauro Pinheiro; Ver. Adeli Sell, eu lhe concedo um aparte para fazer a
conclusão de raciocínio, porque eu estava prestando atenção e gostaria de
ouvir.
O Sr. Adeli Sell: Quero agradecer a
sua gentileza. Eu gostaria de dizer que eu tenho mais um conjunto de
proposições - vou distribuir o material em seguida - e quero que esse debate
evolua. Eu vou propor concretamente à Mesa Diretora, agora, um debate na
TVCâmara sobre isso, na Rádio Web, em todos os mecanismos da Câmara Municipal,
para que a população possa se assenhorear deste debate, e a gente possa
participar de um novo projeto para o Viaduto, onde a modernidade não fique
suspensa, mas avance para o futuro. E modernidade é inclusão, é
sustentabilidade.
O SR. PEDRO RUAS: Obrigado, Vereador.
Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) Eu falo aqui em meu nome, em nome da
Verª Fernanda Melchionna, que compõe comigo a Bancada do PSOL na Casa. Nós
temos...
(Aparte
antirregimental do Ver. João Bosco Vaz.)
O SR. PEDRO RUAS: Obrigado, Ver. João
Bosco Vaz. Nós temos, como muitos Vereadores daqui, uma preocupação,
professores. Eu nasci e me criei em Porto Alegre - no Hospital Beneficência
Portuguesa, em 1956, Jorge - e tenho muito apreço pelo Centro Histórico da
Cidade. Gostei muito do painel apresentado. Parabéns. O Viaduto Otávio Rocha
merece de nós, é claro, uma atenção especial. É uma obra que tem “n” símbolos, desde
a engenharia, que continua a nos ensinar, até mesmo essa propriedade, esse
patrimônio imaterial, Ver. Toni Proença, de tantas histórias que abriga o nosso
Viaduto Otávio Rocha - tantas e tantas. Eu poderia contar algumas aqui, mas o
nosso tempo é curto.
Eu quero dizer, e eu
acho que o Ver. Toni Proença foi muito feliz na sua intervenção aqui, na
tribuna, que nós temos que ter maneiras de atuar, de trabalhar com
responsabilidade quando somos gestores da coisa pública, somos representantes
do povo na República, ou seja, cuidando dos patrimônios também sem esse medo e
sem esse ódio daquilo que é da nossa responsabilidade. O que mais se vê são
governantes, incluindo de Porto Alegre, incluindo do Rio Grande do Sul,
incluindo do nosso País, ou seja, governantes de esferas diversas, de pastas
distintas, olhando para o nosso patrimônio material como um peso, como um
elefante branco, com sofrimento, Verª Fernanda, como se para eles fosse uma
pena ter que cuidar daquele patrimônio. E surge, via de regra, a saída mágica!
A saída mágica deve ser uma PPP, uma Fundação Pública de Direito Privado, uma
terceirização, deve ser alguma coisa que passe para a iniciativa privada aquilo
que o gestor público não gosta, não quer cuidar, acha que é um dinheiro mal
investido, acha que dá muito trabalho e muita preocupação. Não é a nossa visão.
A nossa visão é que Porto Alegre tem um patrimônio riquíssimo do ponto de vista
cultural, do ponto de vista do conhecimento que se transmitiu e se transmite de
geração em geração e que deve ser um orgulho para o gestor municipal cuidar,
por exemplo, de um patrimônio como o Viaduto Otávio Rocha.
Por isso, damos todo
o apoio a essa revitalização, às formas modernas de gestão e ao cuidado, porém
jamais pensando em transferir responsabilidades, em passar para mãos privadas
aquilo que é patrimônio público. Esta linha, nós já conhecemos: o
enriquecimento daquelas mãos privadas em detrimento do empobrecimento do Poder
Público, da sua gente e da sociedade que representa. Um abraço a todos. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): A Vereadora
Fernanda Melchionna está com a palavra em Comunicações.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, Ver. Mauro Pinheiro; eu gostaria de saudar a Professora
Neusa Rolita Cavedon; o Sr. Jorge Barcellos, nosso excelente companheiro aqui
do Memorial, que sempre promove bons debates na Casa. Sr. Pedro Rubens Vargas,
é um prazer ouvi-lo. Acho que o Pedro trouxe temas muito importantes sobre o
conceito de patrimônio e dessa necessidade - inclusive na palestra do Hugues de
Varine nós também avançamos nisso - do conceito de memória e do conceito de
patrimônio, que, felizmente, avança.
O Censo feito este
ano é o primeiro - foi divulgado - que vai mostrar que a maioria do povo
brasileiro, hoje, é constituída pelo povo negro. E começa de fato a existir um
resgate a partir dos movimentos, da luta desses movimentos, dessa história
também patrimonial e de memória coletiva, como o Museu de Percurso do Negro,
que é uma realidade na nossa Cidade, como a discussão que estamos fazendo em
relação ao Viaduto Otávio Rocha.
Eu queria dizer que o
nosso debate é fundamental, que as intervenções clarificam a questão da própria
construção da nossa Cidade, Ver. Pedro Ruas - comentávamos sobre isso durante a
explanação dos colegas da Mesa -, mas confesso a vocês que fico preocupada com
o que vem acontecendo em relação ao Viaduto Otávio Rocha e ao tom dos debates,
Presidente Flores - e quero cumprimentar todos os permissionários que estão
aqui. Houve uma mobilização nesta Casa; vocês utilizaram esta tribuna para
falar dessa situação, quando, na imprensa daquele momento, tinha saído que a
culpa do descaso, do abandono, da falta de iluminação, da falta de segurança
parecia ser dos permissionários. Lamentavelmente o Secretário Municipal de
Indústria e Comércio se eximia da sua responsabilidade, dizia que a saída era a
terceirização e ainda atacava os permissionários. Houve toda uma mobilização, e
uma turma que disse: é tudo um mal-entendido, não vai ficar assim, vamos
discutir saídas para o Viaduto, não existe nenhum projeto de terceirização e
tal. E nós estamos aqui - em 2 de dezembro de 2010 - quando, de novo, os
jornais voltam ao mesmo assunto, de privatização do Viaduto Otávio Rocha,
quando, de novo, o Secretário se recusa a sentar e a discutir concretamente um
projeto. Nós, Vereadores e Vereadoras - não digo em relação aos
permissionários, que já usaram esta tribuna, e acho que deveriam usá-la também
em outro momento para trazer essa situação -, nenhum de nós, Ver. Pedro Ruas,
viu esse projeto que volta e meia está no jornal: projeto da terceirização do
Viaduto Otávio Rocha. Nenhum de nós! O projeto que ia ser discutido com a
Câmara, que ia ser debatido - aliás, quando houve a mobilização da comunidade,
teoricamente, não havia - não chega até aqui, isso quando se está debatendo uma
obra, como muito bem lembrou V. Exª, que é fundamental para a Cidade em vários
aspectos: urbanisticamente, de memória coletiva, esteticamente, sobretudo sobre
a vida e os ofícios que muitos e muitas tiveram, ao longo da vida naquele
trecho, que - inclusive houve outro trabalho da Câmara, pelo Memorial, nesse
sentido - estão sendo extintos e que são parte da memória coletiva. Isso me
lembra a mesma postura que o Secretário teve com os camelôs desta Cidade e a
mesma postura que estamos vendo, lamentavelmente, para a Copa de 2014.
Tudo para a Copa de
2014 vira argumento para privatização de espaços e para conceder, sempre para
os grandes, Ver. Pedro Ruas, isenções milionárias, porque várias empresas já
pegaram carona nos times da nossa Cidade para deixar de pagar vários impostos.
Ontem se votou um projeto que isenta o Solo Criado, porque aumenta o índice de
aproveitamento para shopping centers,
para centro administrativo, para hotel, para apart-hotel, e o problema da
Cidade são os camelôs e os permissionários.
De fato, não dá para
entender esta lógica de que, para os ricos, para os grandes, para aqueles que
mais ganham na nossa sociedade, pode tudo, inclusive modificar a legislação.
Para os pequenos, ao contrário, é privatização, Parceria Público-Privada, SMIC
atuando como polícia, como foi no caso dos camelôs. Nós, do PSOL, não aceitamos
essa lógica e seguiremos na luta para que a Prefeitura, e sobretudo o
Secretário Valter Nagelstein, deixe de governar para os ricos e passe a
governar para o povo de Porto Alegre.
Para concluir, quero
me solidarizar, de novo, com o Sindicâmara, porque essa situação que acontece
na Casa é um absurdo. Acho que, de fato, o Sindicato tem que ser ouvido, e tenho
certeza de que janeiros melhores virão.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, por razões outras, eu estava
ausente do plenário quando houve as exposições previamente anunciadas e
previstas na pauta dos trabalhos do dia de hoje, o que, obviamente, não
justificaria e não poderia ser entendido como desatenção aos nossos
palestrantes desta tarde.
Em verdade, quando me
inscrevi para falar acerca do Viaduto Otávio Rocha, fi-lo consciente de que
estamos em plena Semana do Viaduto. A direção da Associação dos Comerciantes do
Viaduto esteve conosco, ainda na semana que findou, e asseguramos a eles que, durante
esta semana, haveríamos de colocar a Ouvidoria, pelo menos um dia, nas
dependências do Viaduto para que as inúmeras reivindicações sucessivamente
apresentadas nesta Casa pudessem ser oficializadas ao órgão por meio da
ferramenta que a Casa tem disponibilizado para a comunidade. Eu pensava até
que, no dia de hoje, teríamos um número maior de permissionários ali
estabelecidos, até porque não desconhecemos a existência de um debate muito
forte, amplamente noticiado pela imprensa local, no que diz respeito a
procedimentos licitatórios que estariam se constituindo e que alterariam a
forma de administração daquela área tradicional na cidade de Porto Alegre.
Quero acentuar que,
tendo sido titular da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio no final dos
anos 70, participei, naquela ocasião, da formulação de uma política que previa
a ocupação das áreas do Viaduto Otávio Rocha, as áreas ditas comerciais, menos
com um objetivo de promover grandes efeitos mercantis e muito mais querendo
estabelecer ali ponto de apoio para algumas atividades cuja sobrevivência
dependesse de algum apoio oficial.
Lembro-me, até muito
bem, do mágico tradicional da Cidade, o Tony - não sei se ainda continua -, que
estava em vias de encerrar as suas atividades. Franqueamos a ele uma área no
Viaduto, e, por longos anos, ele continuou com a sua atividade ali. Por isso,
quero me valer deste momento que o Regimento me permite para dizer da nossa
disposição, especialmente como Ouvidor da Casa, para, ainda neste final de
semana, estabelecermos um período da presença das nossas equipes junto ao
Viaduto Otávio Rocha, coletando reivindicações, reclamações, ponderações,
enfim, ouvindo e dialogando com os permissionários e usuários daquela área de
Porto Alegre, entre os quais, modestamente, nos incluímos, na medida em que
somos vizinhos, moradores que somos da Rua Cel. Genuíno. Em nossos
deslocamentos, quase que obrigatoriamente passamos pela área, especialmente no
sábado, quando, com certeza, estaremos, por volta do meio-dia, lá na ARI, na
confraternização que se realiza, todos os sábados, naquele local. Era isso, Sr.
Presidente.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver.
Bernardino Vendruscolo está com a palavra em Comunicações.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Ver. Mauro
Pinheiro, na presidência dos trabalhos; Dr. Jorge, responsável pelo Memorial
desta Casa; representantes das entidades do Viaduto Otávio Rocha, meus
cumprimentos a todos.
Eu estava ouvindo o
discurso dos meus colegas e pensando o quanto é difícil ver acontecer obras,
com objetividade, em certos locais da Cidade. Fico pensando que, se fosse
entregue - e tem que ser este o caminho - aos particulares todo aquele centro
comercial, dá para dizer assim, que é a própria estrutura das lojas que compõem
o Viaduto, com certeza absoluta não estaríamos vendo - e não veremos, se isso
for feito - o que estamos vendo hoje.
Evidentemente o
locatário tem que pagar aluguel, não há dúvida disso, e quem paga aluguel tem
que receber o imóvel em condições de uso, com manutenção. Eu acho que lá é um
dos poucos lugares de Porto Alegre em que ainda conseguimos banheiro público.
Em Porto Alegre, quase não se vê banheiro público.
Na semana passada,
aconteceu uma Audiência Pública para tratarmos de obras de arte, na qual este
Vereador defendeu um projeto para disciplinar as instalações das obras de arte,
das esculturas em Porto Alegre. Ainda que eu tenha dificuldade de ser entendido
pelos escultores e por outras facções que não vêm ao caso, esses assuntos
precisam ser enfrentados a bem de se respeitar os próprios escultores. Mas é
difícil se fazer entender pelos os próprios interessados!
Até hoje não entendi
por que o Poder Público não conseguiu resolver as questões do Viaduto Otávio
Rocha se, naquele entorno, naquele complexo, há lojas alugadas. Aquilo não
deixa de ser um negócio, porque ali há receitas, há clientes, são lojas. É só
entregar ao particular, que resolvemos isso, tenho certeza absoluta, Dr. Jorge
e demais representantes das entidades que estão aqui; tenho certeza absoluta!
Isso não está acontecendo somente neste Governo; há 20, 30 anos, enfim, não
lembro agora há quanto tempo, vejo aquilo ali jogado da forma como está. Então,
isso não é deste Governo nem do anterior, mas de vários Governos. Já que não se
vislumbra a possibilidade de vontade política, que se chame o privado e se
crie, então, uma Parceria Público-Privada, enfim, um mecanismo dessa ordem ou
com essa competência para assumir aquele que eu chamo de um “complexo”, porque
nós temos um viaduto, temos as lojas, aquelas escadarias maravilhosas; é um
cartão-postal de Porto Alegre. Agora, por que é tão difícil se resolver algo
que, para mim, parece tão fácil? Pois o difícil é resolvermos alguma coisa
quando não há dinheiro, quando não há receita, e ali nós temos como fazer
receita. Eu só lamento, e lamento mais ainda, porque não consigo entender por
que tamanha dificuldade. Para os que estão nos ouvindo e não estão aqui, nós
estamos falando do Viaduto Otávio Rocha, na Av. Borges de Medeiros, aquela
quantidade imensa de lojas. Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver.
Sebastião Melo está com a palavra em Comunicações.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Prezado Presidente,
Ver. Mauro Pinheiro; nossos convidados, bem-vindos a esta Casa; colegas
Vereadores; senhoras e senhores, inicialmente, saudando o Flores, este grande e
extraordinário batalhador desta causa, sintam-se todos saudados. Quero dizer
que o nosso Centro da Cidade, meu caro historiador Jorge Barcellos, se ele não
é o nosso bairro original, com certeza ele é o nosso segundo bairro do coração.
Nós temos um Centro muito bonito, construído ao longo da história de mais de
200 anos desta Cidade. O Viaduto Otávio Rocha é uma das mais belas obras, Ver.
Pujol, que a nossa Capital tem. Aliás, Ver. Cecchim, o Otávio Rocha foi um
Prefeito visionário, além do seu tempo. Na época, não foi nem Prefeito, foi
Intendente. E ele foi um homem que abriu avenidas, construiu viadutos. Pode-se
dizer que ele, o Loureiro e, quem sabe, o Thompson Flores, do ponto de vista
viário, foram os Prefeitos que mais tiveram visões nesta área. O Viaduto Otávio
Rocha como está, Flores, não dá para ficar. Não dá para ficar. O Viaduto Otávio
Rocha, hoje, você passa lá, depois das 19 horas, é gente fazendo xixi no
Viaduto, outros dormindo numa ponta; não dá para continuar assim. Agora, se o
Viaduto ainda lá permanece funcionando, é porque há os permissionários. Eu
disse ao Secretário Valter, colega, Vereador, bom Secretário, que é preciso
fazer a reforma, mas é preciso fazer a reforma em comunhão também com a
população de Porto Alegre e com os permissionários. Não tem nada que dá para
fazer diferente. Eu acho, por exemplo, que há de se esgotar um debate sobre a
Lei de Incentivo à Cultura. Eu acho que esta Casa, Jorge, poderia encabeçar um
debate. Eu sei de outras cidades que utilizaram essa ferramenta para recuperar.
Pode servir para Porto Alegre? Não sei. Eu não vejo a Parceria Público-Privada
como esse bicho de sete cabeças; pelo contrário, eu acho que ela,
bem-concebida, é uma bela parceria para a Cidade. Ninguém vai botar dinheiro
sem retorno, vamos combinar entre nós. Isso não existe na China, não existe em
Taiwan, não existe em Porto Alegre - o capital não tem pátria. Agora, é
possível construir uma modelagem, por exemplo, que preserve se for o caso de
Parceria Público-Privada, por que não preservar aquelas bravas pessoas que lá
.... Eu cheguei em Porto Alegre em 1978, eu morava na Casa do Estudante, na Rua
Fernando Machado, nº 1.005, e conheço uma senhora, não sei se ela ou se é a
filha dela, eu só sei que aquela pessoa está lá até hoje. Eu estou falando de
1978. Segundo: vocês tiveram uma reforma lá, ficaram oito meses sem ter nenhum
rendimento! Cá para nós, tem que perdoar essa dívida daquele período em que
ficou fechado, tem que encontrar uma forma jurídica, porque não teve atividade
econômica.
Então, meus caros
amigos que nos proporcionam este debate temático, contem conosco. Eu acho que a
Câmara tem responsabilidades, tem que ajudar a encontrar uma solução junto com
a Prefeitura. Como está não dá para ficar: vazamentos, sujeira; infelizmente,
há moradores de rua dormindo lá. Não dá para continuar assim. Agora, talvez não
seja só um caminho, mas esta Cidade, já há muito tempo, há muitos anos, tem uma
coisa que quem governa esta Cidade tem que saber, nós temos várias minorias, e,
de vez em quando, a gente forma uma maioria, mas só tem um remédio para essa
matéria, Flores: diálogo, diálogo, diálogo e diálogo. No diálogo, nós vamos....
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Dr.
Raul Torelly está com a palavra em Comunicações.
O SR. DR. RAUL TORELLY: Ver. Mauro Pinheiro,
na presidência dos trabalhos; Jorge, do nosso Memorial, todos os presentes que
vieram aqui nos dar a honra de, mais uma vez, trazer aqui para a Câmara este
assunto, infelizmente, que, há vários anos, vem sendo trazido aqui, porque as
soluções encontradas, realmente, até agora, não foram as melhores. O Viaduto
Otávio Rocha - todos sabemos, e eu não sou diferente, tenho conhecidos que ali
labutam, tenho amigos que moram no entorno; existem muitas queixas a respeito e
não são de hoje. - realmente é uma obra que a Cidade tem que respeitar,
valorizar, incentivar, não só o próprio viaduto como obra de arte, como
instrumento de cultura, mas valorizar todas as ações que envolvem o seu
entorno. Então, como Vereadores, não nos resta mais nada do que temos feito
sempre, nos colocarmos à disposição dos permissionários, à disposição dos
moradores e tentarmos construir, conjuntamente, uma melhor solução. É claro que
a nossa Câmara Municipal propõe, ajuda a encontrar soluções, mas as soluções,
todos nós sabemos, estão no Executivo e nas negociações que ele pode fazer,
sejam públicas, privadas, sejam em que nível for, para que consigamos valorizar
esse monumento da Cidade e tudo o que o cerca. Tive grandes informações, por
exemplo, do tempo de Loureiro da Silva, que a obra é de 1943, enfim, toda a
história de Porto Alegre está envolvida nesse processo. E quem somos nós se não
valorizarmos a nossa história e não dermos dignidade e respeito àqueles que
vieram construindo, que nos antecederam e que tiveram a visão, por exemplo,
premonitória, lá nos anos de 1900, antes de 1950, de fazer uma obra que,
naquele momento, acredito eu, tenha sido a maior obra cultural da cidade de
Porto Alegre e que se mantém assim? Infelizmente, claro que nós precisamos
atuar de uma maneira mais forte no local, precisamos levar incentivos. E a
Câmara, com certeza - e sempre que esse assunto veio aqui foi conduzido dessa
maneira -, se colocou à disposição, mas nós acreditamos que precisamos de
medidas realmente mais fortes, com maior justiça, com maior justeza, para que
nós possamos transformá-lo num ponto turístico efetivo, para que possamos nos
orgulhar de levarmos, naquela região, qualquer turista que venha nos visitar e
encontrarmos aquele marco histórico e cultural que ali se apresenta reformado,
com seus permissionários trabalhando bem, com dignidade e com os moradores
satisfeitos. É isso que nós desejamos, queremos e nos colocamos à disposição
para ajudar a construir.
Eu quero saudar o
trabalho de todos que aqui vieram, que demonstraram o seu conhecimento, o seu
interesse e a sua vontade de buscar solução, que é o mais importante. O que é
mais importante do que a própria solução é a gente saber que é necessário
efetivar um caminho, uma solução. Nós precisamos ter realmente o foco bem
definido em relação ao Viaduto Otávio Rocha. Precisamos que haja consenso nessa
matéria, para que possamos trabalhar unidos em torno desse foco e para que
façamos com que o nosso Viaduto Otávio Rocha tenha realmente a valorização, a
manutenção e o carinho que deve merecer de todo o povo de Porto Alegre.
Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Mauro Pinheiro): Estamos encerrando o período de
Comunicações, que hoje tratou do tema específico Patrimônio Imaterial e Histórico do Viaduto Otávio Rocha.
Agradecemos a presença dos palestrantes Jorge Barcellos, Pedro Rubens
Vargas e Neusa Rolita Cavedon. Agradecemos também aos permissionários e ao
Flores, que está sempre aqui trabalhando, lutando e buscando pelo Viaduto
Otávio Rocha.
Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h41min.)
O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro – às 15h43min): Estão reabertos os trabalhos.
Passamos ao
Os permissionários da
Av. Borges de Medeiros pedem para avisar que hoje haverá um debate cultural no
Everest Hotel, do Movimento Amigos do Viaduto, às 20 horas.
O Ver. Paulinho Rubem
Berta está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. PAULINHO RUBEM BERTA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, todos que nos assistem
e escutam, venho a esta tribuna para tentar levantar alguns pontos que precisamos
esclarecer, principalmente no que se refere às melhorias, benfeitorias e
investimentos na cidade de Porto Alegre.
Nós, da Região Norte
de Porto Alegre, lideranças comunitárias, presidentes de associações,
moradores, temos lutado muito esses anos todos em que o Orçamento Participativo
está em evidência na Região, e batalhando muito. É muito difícil organizar a
comunidade. Muitas vezes, tem que se bater de porta em porta para tirar de casa
o cidadão que trabalha o dia todo, às vezes 10, 12 horas por dia, para levá-lo
a uma plenária do Orçamento Participativo. Não é fácil, é um esforço
sobre-humano das entidades comunitárias, porque esse é um mecanismo, uma
ferramenta que tem contribuído com a cidade de Porto Alegre: o chamado
Orçamento Participativo, onde, através do voto, através da escolha e da
prioridade da população, se buscam as benfeitorias, os investimentos nas vilas
e bairros da nossa Cidade.
Nós fizemos isto na
Região Norte como em outras regiões da Cidade: as lideranças se apropriando,
trabalhando e tentando construir esse caminho e buscando investimento para as
nossas regiões. Só que, durante esse percurso, algumas injustiças também se
concretizam. No Conjunto Residencial Rubem Berta, moram praticamente 40 mil
pessoas. Nós conseguimos mobilizar quase mil; para ser mais preciso, novecentas
e noventa e poucos moradores que participaram das plenárias do Orçamento
Participativo. Por que eu digo isso? Porque agora os moradores do Rubem Berta -
e eu peço que prestem bem atenção - não querem mais participar do Orçamento
Participativo; se recusam. A gente não consegue mais mobilizá-los e levá-los
para o Centro Vida. Por quê? Porque eles alegam que, por diversos anos,
tentaram buscar o que mais necessitavam: saneamento básico. E o que aconteceu
lá, Ver. Brasinha? Eu tenho aqui os cadernos (Mostra os cadernos). Durante
praticamente 90 dias, a comunidade toda unida, mobilizada, foi lá e priorizou
calçamento, esgoto, água, pavimentação, botou no caderno do Orçamento
Participativo. Vejam bem, não é responsabilidade do atual Governo; é
responsabilidade dos governos passados, que não realizaram as obras
contempladas dentro do OP. Então, Vereadores, vejam bem, em uma assembleia, em
uma plenária, discutirem diversas vilas, diversas comunidades, as suas prioridades,
ganhar no voto, botar no caderno e não levar, só pode desmobilizar. Aí eu quero
fazer, Ver. Toni Proença, um apelo ao nosso Prefeito e ao nosso Secretário de
Governança, Cezar Busatto, para que realizem as obras que estão atrasadas
dentro do Orçamento Participativo, como foi feito lá no Governo Fogaça, com 640
obras. Posso até citar aqui que, na época, o senhor era Secretário Adjunto na
Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Posso citar para o seu conhecimento: no
ano de 2004 - o senhor ainda não estava lá - foi contemplado, foi priorizado,
foi conquistado no voto, Vereador, o acesso ao Núcleo 18, Rubem Berta, entre a
Rua Professor Augusto O. Thiessen, 120 metros de asfalto, execução de um muro
de arrimo equivalente a 14 metros. Esse muro tem que ser feito porque está
causando um prejuízo enorme à população, está arriscando morrer gente lá,
porque o muro tem uma altura superior ao telhado da casa que tem embaixo. O
Prefeito já esteve lá no mês passado, e eu estou fazendo este apelo aqui para
que ele nos ajude.
O Sr. Toni Proença: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Paulinho, quero cumprimentá-lo pela
manifestação, principalmente porque ela vai ao endereço de tentar revitalizar o
Orçamento Participativo. Vossa Excelência, que sempre foi um militante do
Orçamento Participativo desde a sua implantação em Porto Alegre, e lá se vão 21
anos, embora a sua pouca idade, quero lhe dizer que este é o espírito que deve
presidir o trabalho de um homem público: criticar, cobrar, mas sempre no intuito
de construir a solução. V. Exª foi muito feliz quando disse que, ao não
executar a obra, a Prefeitura desmotiva, desestimula a participação, o que é o
maior bem. Não é só a priorização no Orçamento Público, mas, sim, a priorização
a partir da participação popular. Parabéns pelo seu pronunciamento.
O SR. PAULINHO RUBEM BERTA: O acesso
também ao Núcleo 31, com 70 metros de asfalto, não pode ser um dos motivos a
levar ao questionamento a capacidade de a Prefeitura Municipal de Porto Alegre
executar uma obra; 70 metros de asfalto, pelo amor de Deus! Então, na visita
que fizemos lá com o Prefeito José Fortunati e o secretariado, tivemos a
oportunidade de mostrar ao Secretário todas essas obras, principalmente essas
duas que não foram realizadas e também a obra do Núcleo 34, na qual eu estive.
Quero aqui comunicar aqui aos moradores do Núcleo 34, no Rubem Berta, que são,
em média, 500 pessoas, que o Secretário Cássio, da SMOV, nos garantiu que, no
início do ano de 2011, irá concretizar a obra do Núcleo 34, irá terminar essa
obra, pois falta só o capeamento.
Então, quero
agradecer aqui ao Secretário Cássio e alertar os moradores para que cobrem.
Infelizmente, estou fazendo a minha parte. São 97.500 reais do ano de 2001
ainda. Os moradores se recusam a ir ao Orçamento Participativo, estão
desmotivados.
Mas eu também quero
fazer aqui um apelo aos meus colegas Vereadores, me antecipando à
segunda-feira, no sentido das duas Emendas que virão ao Plenário, que dizem
respeito ao capeamento asfáltico na Rua Fernando Camarana e na Rua Domenico
Feoli, no Rubem Berta, que é necessário, pois tem um calçamento irregular, de
pedra - palavra mais simples, porque sou simples -, onde vai ser construído, a
partir de abril, um PSF que está na luta daquela comunidade há 12 anos. E agora,
o Prefeito Fortunati e o Secretário Casartelli resolveram tirar do papel e
estão batalhando isso, com a ajuda do Senador Sérgio Zambiasi, que fez a Emenda
em Brasília.
A partir de abril, o
Rubem Berta terá o seu PSF batalhado desde 1998, dentro do Orçamento
Participativo. E aqui estou fazendo este apelo à Prefeitura Municipal de Porto
Alegre: não deixem passar em branco esta oportunidade; são mais de 12 anos,
Ver. Sebastião Melo, um PSF dentro do caderno! A população foi lá, se
mobilizou, frio, chuva, correu risco, priorizou, disputou com outras regiões, e
aí não se tira do papel? É complicado isso.
E eu quero aqui ter
certeza absoluta de que isso não é uma indicação do Prefeito, isso não é
má-vontade do Prefeito. O Prefeito, talvez, nem saiba disso, mas precisa saber.
E agora o Secretário da Saúde, Casartelli, está tirando do papel.
O Sr. Sebastião Melo: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Paulo, eu quero dizer que vi nascer o
bairro Rubem Berta. No Governo do Pedro Simon, em 1986, em março, houve aquela
ocupação.
O SR. PAULINHO RUBEM BERTA: É verdade,
Vereador.
O Sr. Sebastião Melo: E quero dizer que, na
transformação que houve, de lá para cá, V. Exª teve um papel importantíssimo na
regularização. Ainda há problemas, é um Bairro com enormes carências, e quero
dizer que a sua manifestação me sensibiliza muito. Acho que a Cidade requer
mais PSFs, mas sabemos que uma equipe de Saúde da Família custa muito dinheiro,
não é barato, mas aquela Região precisa, e V. Exª, com certeza, vai contar com
todo o nosso apoio. E como V. Exª estava falando do Orçamento Participativo,
quero dizer que estou tendo uma experiência muito rica participando do
CapacitaPoa, em várias aulas, e eu quero dizer a V. Exa e aos demais colegas,
Verª Sofia, que o nosso Orçamento Participativo precisa passar por uma
remodelação. Hoje, dentro do Orçamento Participativo, há uma modelagem tipo
democracia representativa, e há coisas que precisam ser mudadas. Então, eu
espero que, através do CapacitaPoa, junto com esta Casa, possamos melhorar.
Participação popular só com mais participação popular, mas é preciso arejar a
participação popular; hoje ela está muito truncada.
O SR. PAULINHO RUBEM BERTA: Agradeço,
Vereador. Quero até lhe agradecer a lembrança do nosso querido Pedro Simon, que
foi o homem que garantiu moradia para 3.712 famílias no Conjunto Residencial
Rubem Berta. Nessa caminhada, de lá para cá, Vereador, nós, realmente, tivemos
algumas conquistas: a regularização fundiária, que nós tivemos lá. Hoje, 98%
dos moradores do Conjunto Residencial Rubem Berta estão com a sua escritura
dentro de casa, num trabalho fantástico de parceria entre diversas Secretarias,
diversos organismos que proporcionaram a garantia de moradia para cinco mil
famílias.
O Sr. Dr. Thiago Duarte: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Paulinho, quero, aqui, só externar a
minha solidariedade ao senhor, à sua luta com relação ao PSF, necessidade essa
que constatamos em visita, junto com o senhor, àquela comunidade. Obrigado.
O SR. PAULINHO RUBEM BERTA: Eu agradeço,
Vereador, e quero solicitar a sua ajuda agora, na segunda-feira,
principalmente, porque nós queremos garantir lá - um PSF está garantido - mais
uma unidade, uma UBS que vem junto com o PPV. Eu aproveito para convidar todos
os Vereadores para a inauguração, no dia 16, do ginásio com 950 metros,
acompanhado de uma UBS.
O que vai nos faltar
lá agora? Não dá para admitirmos que um cadeirante ande numa rua em que o
calçamento seja um calçamento irregular, de pedras pontiagudas, porque não dá
para transitar com uma cadeira de rodas. Então, na segunda-feira, vamos trazer
ao debate isso, para que seja feito um capeamento lá nas ruas Fernando Camarana
e Domenico Feoli. Por isso estou pedindo a ajuda e a solidariedade de todos os
Vereadores.
Eu quero prosseguir
aqui na questão que o Ver. Sebastião Melo levantou: o Conjunto Residencial
Rubem Berta, hoje, com suas cinco mil unidades, todas escrituradas, todas
regularizadas, com a topografia toda feita, as pessoas sabendo onde é sua área
condominial, o que lhes pertence de fato e o que não lhes pertence, no
particular, mas, sim, no coletivo. Mas ainda falta muita coisa, muita coisa que
precisa ser feita nesta Cidade. Agora, mais a conquista do ginásio, com 950
metros quadrados, uma conquista deixada pelo Governo Yeda para o Conjunto
Residencial Rubem Berta; essa UBS que vai atender do Núcleo 1 ao Núcleo 10, e o
PSF que vai atender do Núcleo 20 ao Núcleo 29. Na Saúde vai se melhorar muito
lá, mas ainda está longe de haver o atendimento necessário. Então, nós vamos
continuar trabalhando, o Rubem Berta vai continuar crescendo, e nós vamos lá,
se Deus quiser, no dia 16, inaugurar mais essa conquista do Rubem Berta. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Paulo Marques está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. PAULO MARQUES: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores presentes no Plenário, subo a esta tribuna para falar da
Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Tramitação de Valores e de
Créditos e de Direitos de Natureza Financeira, conhecida como a CPMF (Lê.): “A
CPMF veio para substituir o IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentação
Financeira), que tinha uma alíquota de 0,25% que incidia sobre as contas
mantidas pelas instituições financeiras.
“Em janeiro de 1997,
a CPMF passou a vigorar com o objetivo de que essa contribuição fosse
destinada, especificamente, ao custeio da Saúde Pública, da Previdência Social
e do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. No começo, o art. 18 da Lei nº
9.311, de outubro de 1996, estipulava que a totalidade da arrecadação seria
destinada exclusivamente ao Fundo Nacional de Saúde.
“Em dezembro de 2007,
o Senado rejeitou a proposta de prorrogação da CPMF até 2011. O Senado também
rejeitou todas as ofertas do Governo, de modificação desse tributo.
Na tarde de
segunda-feira do dia 22 de novembro de 2010, tive a oportunidade de participar
do Ato Público organizado e sediado pela Ordem dos Advogados do Brasil, Seção
Rio Grande do Sul. E lá estavam presentes autoridades da sociedade civil
organizada como FIERGS, Farsul, Fecomércio, Simers, Cremers e outras entidades,
como a Força Sindical, todos unidos em repúdio à implantação do imposto.
“Esse foi um imposto
que não resolveu e não resolverá o problema da Saúde neste País. É um imposto
que cai no caixa único e não retorna em benefícios para a população. Ele nunca
foi unicamente destinado à Saúde, sempre houve outras prioridades, como a
Previdência Social. Além das críticas baseadas nas questões econômicas, há de
se questionar a real destinação dos recursos arrecadados pela CPMF, uma vez que
a Saúde continua em situação precária.
“Sabe-se que, em
2006, chegaram a ser destinados quase 7 bilhões de reais desse dinheiro para a
Previdência. É preciso redimensionar os gastos públicos, já que o Brasil tem
uma das mais altas cargas tributárias do mundo e, mesmo assim, possui
investimentos precários em áreas fundamentais para a sociedade como, no caso, a
Saúde.
“O que precisamos é
de uma gestão séria e qualificada que aplique os recursos públicos em serviços
de qualidade e que atenda às necessidades da população. Os serviços prestados
pelo Estado são precários; por isso, mais do que nunca, é preciso construir um
movimento da sociedade civil para manifestar a contrariedade das intenções de
recriar e inventar novos tributos. Já fomos enganados uma vez; agora, pela
segunda vez, nem pensar.
“Fortunas são gastas
em aviões de caça franceses, cartões corporativos que custam cerca de 5 milhões
de reais por mês aos cofres públicos, e a corrupção, como um câncer, toma conta
de todo serviço público em detrimento de investimentos para a Saúde, Educação,
Segurança e saneamento básico. Não podemos aceitar essa situação e essa solução
simplória, em que vamos” resolver “, mais uma vez, com o nosso bolso, um
problema de gestão. A situação é tão cínica, que nenhum candidato à Presidência
da República fez esse debate no período eleitoral, talvez por saber que a
sociedade não vai aceitar pagar mais essa conta. Temos que acabar com a possibilidade
desse imposto nefasto que aumenta de forma gigantesca a carga tributária e que
só soluciona o problema do caixa do Governo e mantém estruturas que,
malgerenciadas, não atendem às necessidades da população. Precisamos de um
projeto de gestão capaz de estancar a sangria que sai dos cofres públicos, os
maus gastos e o desperdício. Para a Saúde temos é que ter vergonha na cara e
enfrentar a aprovação da Emenda nº 29, de setembro de 2000, vejam bem, para
realocar recursos específicos para a Saúde, mas, mesmo assim, ainda vai faltar
a gestão.” Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Dr.
Thiago Duarte está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. DR. THIAGO DUARTE: Ilustre Presidente,
Ver. Toni Proença; ilustres colegas Vereadores, subo a esta tribuna com o
intuito de fazer alguns relatos de algumas situações que nós temos vivenciado
na Cidade. Não são poucas as vezes que nós subimos à tribuna e acabamos
colocando algumas situações que não andam bem na Cidade, mas é fundamental,
também, que possamos destacar situações que andam bem e os avanços que se têm.
Falo, em especial, de uma situação que hoje, pela manhã, acabamos presenciando,
que é a restauração que está sendo feita na orla da praia, lá no Lami. O nosso
Gabinete fez diversos Pedidos de Providências, e, na última semana, acabamos
contando com a sensibilidade do Secretário, que realmente começou a implementar
uma série de reformas nas churrasqueiras, nos quiosques e, principalmente, no
calçadão, o que aquela comunidade necessitava e ansiava há bastante tempo.
Esperamos que, com essas obras, aquela comunidade realmente possa ter um afluxo
considerável de visitantes neste verão, uma vez que muitos comerciantes acabam
tendo lucro, sustentando suas famílias e, a partir disso, pagando seus impostos
e sustentando aquela comunidade. Isto a partir dos lucros do verão. Então, é
importante que nós tenhamos atenção com relação a isso.
Quero destacar também
as melhorias que estamos tendo no transporte coletivo naquela Região, graças à
sensibilidade de outro Secretário, o Secretário Vanderlei Cappellari, que vai
implementar, a partir da próxima semana, 15 alterações nos horários do
transporte coletivo naquela região. Sábados, nós passaremos a ter ônibus de 30
em 30 minutos; domingos, de 40 em 40 minutos; durante a semana, passaremos a
ter cinco ônibus articulados, dois pela manhã e três pela tarde. E isto, sem
dúvida, se deve à mobilização da comunidade, uma comunidade que tem apontado
para a questão do transporte coletivo e para a questão da Saúde; comunidade que
tem apontado essas duas situações como os seus maiores problemas. E tivemos a
sensibilidade da EPTC, no sentido de realmente ter o entendimento de que essa é
uma questão importante e, a partir daí, poder trabalhar para solucionar esse
problema.
Então, queremos
agradecer. A comunidade tem feito esses gestos de agradecimento tanto por e-mail ou, como hoje, pessoalmente. E
certamente quem ganha com isso é toda a coletividade.
Quero também nominar
e voltar a falar da reunião que teremos, na segunda-feira, com a Comissão de
Seguridade Social e Família da Câmara Federal. É uma reunião que envolve todos
os três entes da Federação - União, Estado e Município -, com o objetivo de
discutir especificamente a questão do crack,
suas alternativas, sua etiologia e formas de prevenção, tratamento e
ressocialização. Sob a presidência do Deputado Vieira da Cunha, esperamos que,
realmente, dessa reunião surja um norte para que possamos caminhar para a
integração dos três entes federativos nesse sentido.
Quero mais uma vez
nominar o que não consegui fazer ontem. Ontem, Vereadora Sofia Cavedon - a
senhora chega, e eu me lembro -, foi o Dia Internacional de Conscientização
Contra a Aids. É fundamental que cada dia mais - e hoje nós dávamos uma
palestra pela manhã, na Escola Estadual de Ensino Fundamental Custódio de
Mello, no Morro do Sargento - nós possamos enfatizar a questão da prevenção e
também, sem dúvida nenhuma, possamos dar possibilidade do tratamento, possibilidade
do diagnóstico precoce, sem estigmatização desses pacientes.
O Ver. Bernardino Vendruscolo é o autor primeiro do
Projeto. Eu o ajudei nesse Projeto que descentraliza a testagem do HIV em Porto
Alegre; um Projeto que tem o intuito inicial de ser para gestantes, para que, a
partir dele, se possa ajudar a aumentar o diagnóstico e a diminuir a
transmissão vertical do vírus HIV - da mãe para o nenê - que se dá 10% com a
amamentação - e sobre isso, hoje, no nosso meio, as pacientes recebem
orientação -, mas que ocorre 60% no transcurso do trabalho de parto e 30% na
gestação. Então, que possamos diminuir ainda mais esses 30%. É importante
lembrar que, infelizmente, Porto Alegre é uma das Capitais brasileiras de
aumento de incidência do HIV, e as ONGs, Verª Sofia, que coordena o grupo da
Frente Parlamentar de Luta Contra DST, HIV e Aids, têm relatado toda essa
problemática e o aumento da incidência do vírus. Então, é importante que, de
todas as formas, nós possamos contemplar a prevenção, o tratamento precoce para
podermos ter uma prole, uma geração mais sadia no que se refere ao HIV.
Quero também, como ontem foi o Dia Mundial de Luta
contra a AIDS, lembrar a questão da prevenção do câncer do colo de útero, que
inicia por uma doença sexualmente transmissível, causada pelo vírus HPV -
Papiloma Vírus Humano -, que é prevenido da mesma forma com que se previnem as
outras doenças sexualmente transmissíveis: com o uso do preservativo tanto
masculino quanto feminino.
É importante dizer também que o câncer de colo de
útero pode ser diagnosticado precocemente com um simples exame chamado
Papanicolau, que temos à disposição em todos os postos do Município, em todos
os órgãos próprios do Município, que fazem o exame preventivo. Frequentemente
nós temos campanhas disso. Sábado, agora, teremos, no PSF do Moradas da Hípica,
uma campanha de coleta para o exame preventivo do câncer de colo de útero. Era
isso. Um grande abraço a todos!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Toni Proença): Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05
oradores/05 minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
Nº 4227/10 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 054/10, que cria cargos em comissão e função
gratificada na Administração Centralizada e altera a redação da letra “c” do
Anexo I da Lei nº 6.309, de 28 de dezembro de 1988. (Coordenador e Gestor)
PROC.
Nº 4229/10 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 039/10, de autoria da Mesa Diretora, que denomina Auditório Ana
Terra o espaço da Câmara Municipal de Porto Alegre conhecido como Plenário Ana
Terra e revoga a Resolução nº 1.874, de 10 de dezembro de 2004.
PROC.
Nº 4235/10 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 056/10, que cria 2 (duas) funções gratificadas
e extingue 1 (uma) função gratificada na Secretaria Municipal da Fazenda (SMF)
e altera a redação da letra “c” do Anexo I da Lei nº 6.309, de 28 de dezembro
de 1988, e alterações posteriores. (Auxiliar Técnico e Chefe de Unidade)
PROC.
Nº 4240/10 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 013/10, que acrescenta § 4º ao art. 68 da Lei
Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985, que dispõe sobre o Estatuto dos
Funcionários Públicos do Município de Porto Alegre, possibilitando a atribuição
de função gratificada especial para postos de confiança do Gabinete de
Planejamento Estratégico (GPE) do Gabinete do Prefeito (GP) e dá outras
providências.
PROC.
Nº 4243/10 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 014/10, que cria no Município de Porto Alegre o
Fundo para Implementação do Programa de Redução Gradativa (FRGV) de Veículos de
Tração Animal (VTAs) e Veículos de Tração Humana (VTHs), seu Conselho Gestor e
dá outras providências.
PROC.
Nº 4244/10 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 058/10, que institui o ano de 2011 como o “Ano
da Inovação Padre Landell de Moura” no âmbito da política de Ciência,
Tecnologia e Inovação no Município de Porto Alegre.
PROC.
Nº 4245/10 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 059/10, que estabelece finalidade básica e
competências específicas para o Gabinete de Planejamento Estratégico (GPE) do
Gabinete do Prefeito (GP), cria e extingue postos de confiança e dá outras
providências.
2ª SESSÃO
PROC.
Nº 3950/10 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 043/10, que desafeta da destinação de uso comum
do povo próprio municipal para fins de regularização fundiária e autoriza o
Município a doá-lo ao Departamento Municipal de Habitação (DEMHAB).
PROC.
Nº 3968/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 177/10, de autoria do Ver. Beto Moesch, que
denomina Praça Theodor Wiederspahn o logradouro público cadastrado conhecido
como Praça 1006, localizado no Bairro Menino Deus.
PROC. Nº 4226/10 – PROJETO DE LEI
COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 012/10,
que dispõe sobre os Centros Administrativos Regionais (CARs) e dá outras
providências. Com Emenda nos 01 a 03.
PROC. Nº 4234/10 – PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO Nº 055/10, que institui o Plano Diretor para manutenção e
ampliação do Parque de Iluminação Pública do Município de Porto Alegre.
O SR.
PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Reginaldo
Pujol está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) O Ver. Sebastião Melo
está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Não havendo outras
inscrições para discutir a Pauta, está encerrado este período.
O Ver. Nilo Santos está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. NILO SANTOS: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras, senhores e senhoras, está sendo
discutida, na CUTHAB, a situação de algumas vilas irregulares em Porto Alegre.
O que mais tem
chamado atenção, Ver. Paulinho Rubem Berta, que compõe a nossa CUTHAB, são
principalmente algumas vilas que já estão recebendo ordem de despejo. A
reintegração de posse está sendo dada a algumas pessoas depois que a comunidade
já está ali há 30, 40 anos; criaram ali os seus filhos, os seus filhos
cresceram, formaram novas famílias e permanecem no mesmo local. Não somos
favoráveis à ocupação de terra, de forma alguma!
Parece-me, Ver.
Paulinho Rubem Berta, que, depois de uma família estar num local há 40 anos,
Ver. Oliboni, ter investido para construir a sua casa ali, muito complicado,
Tânia Coelho, nossa Assessora da Saúde aqui nesta Casa, muito ruim arrancarem
as famílias dali daquela comunidade. As famílias gastaram o seu dinheirinho,
fizeram melhorias e mais: lá já tem iluminação pública, foi colocada
pavimentação, o capeamento asfáltico dentro daquela comunidade. E, daqui um
pouquinho, sai a decisão do juiz, depois de 40 anos, para que aquelas famílias
sejam despejadas.
Fica aqui esse
desafio para a nossa futura Presidenta, Verª Sofia Cavedon; parece-me que essa
é a oportunidade de a senhora, quando assumir, encaminhar essa parceria com o
Judiciário. Sabemos que são poderes independentes, mas, depois de 40 anos, Verª
Sofia Cavedon, o juiz dar reintegração de posse para aquelas famílias que já
estão lá no Passo das Pedras, uma comunidade que já se multiplicou numa região
onde há iluminação pública e capeamento asfáltico - isso é muito complicado! As
crianças estão matriculadas nas escolas daquela comunidade - é muito difícil.
Eu sei que o Judiciário analisa a Lei, julga baseado na Lei, mas me parece que
o Judiciário vai ter que começar a fazer um esforço para enxergar o todo,
enxergar o rosto de cada pessoa que mora naquela comunidade.
Na terça-feira, essa
demanda veio para a nossa Comissão, a CUTHAB, e perguntei, Ver. Luiz Braz,
quantos deficientes físicos moram nessa comunidade. Quantas crianças? Depois de
40 anos, mexer naquela área de oito hectares, não pode! O Poder Legislativo e o
Executivo terão que intervir nesse processo todo. Somos contrários à ocupação,
e acho que, quando ocupam uma área de terra, na outra semana, as pessoas têm
que ser tiradas dali, para não deixar criarem raízes e, depois de 40 anos,
arrancarmos as pessoas dali e largarmos o maquinário por cima das crianças. Já
aconteceu despejo assim de uma área federal lá na Zona Sul, onde um avião da
Polícia Federal dava voos rasantes para espantar a comunidade que lá estava há
vários anos.
Para que isso não
ocorra mais em Porto Alegre, estamos aqui, então, em nome do PTB, encaminhando
à nova Presidência desta Casa a sugestão de se construir esse caminho do
diálogo com o Judiciário: caiu lá algum pedido de reintegração de posse, por
favor, comuniquem-nos. Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): A Verª Maria
Celeste está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. MARIA CELESTE: Ver. Toni Proença,
na presidência dos trabalhos; Srs. Vereadoras, Srs. Vereadores, quero trazer um
tema a esta tribuna sobre um Projeto que passamos a tarde toda de ontem
discutindo e que, de certa forma, criou um incentivo para um segmento da nossa
Cidade, especialmente ligado à área do Turismo, com o objetivo de que possamos
preparar a cidade de Porto Alegre para a Copa de 2014. Todos aqui fizemos um
debate profundo, e a Bancada da oposição desta Casa, seguramente, demarcou a
posição da temeridade sobre a abertura indiscriminada de determinados
incentivos, mesmo em detrimento da Copa de 2014, e percebemos que, mesmo com a
ajuda desta Câmara, mesmo com os debates que aqui temos feito e reiterado, de
haver uma parceria e um compromisso nessa ajuda de preparar a Cidade para 2014,
nós temos problemas seriíssimos na nossa Cidade, que dá conta de uma oferta de
má qualidade dos serviços públicos, e que precisamos ter a coragem de
enfrentar.
Digo isso porque
hoje, quarto dia útil da semana, quinta-feira, pela quarta vez nesta semana,
nós enfrentamos um grande engarrafamento na cidade de Porto Alegre,
especialmente no eixo que liga a Região Norte ao Centro da Cidade, ou seja, via
Av. Castelo Branco. Pela quarta vez nesta semana, enfrentamos, Verª Sofia,
reiterados problemas de trânsito - engarrafamentos. Lembro-me de que aqui
fizemos um debate profícuo sobre o Projeto de Revitalização do Cais do Porto, e
a nossa crítica mais contundente era exatamente a que dava conta e dá conta das
vias estruturantes da Cidade, especialmente do Centro da Cidade, quando há no
Projeto a previsão da construção de cinco mil vagas para estacionamento de
carros no Centro da Cidade.
Se hoje já temos uma
grande dificuldade de acesso, especialmente da Zona Norte ao Centro de Porto
Alegre, pelo acúmulo, pelo volume de carros e ônibus que se deslocam
especialmente nos horários de pico nesta Cidade, nesta Região, imaginem com o
Projeto que foi aprovado e que tem sido defendido sobre a revitalização do Cais
Mauá, na construção e na possibilidade dessas 5.000 novas vagas para carros em
estacionamento no Centro da Cidade.
Então, estamos aqui,
como Vereadores e Vereadoras, trabalhando, fazendo os debates que precisamos
fazer, Ver. Brasinha, e muitas vezes não somos ouvidos, especialmente pelo
Executivo, no que tange a buscar a qualificação dos serviços da nossa Cidade no
nosso dia a dia. É importante que a Copa do Mundo venha, todos nós queremos que
ocorra aqui um aporte de turistas para fomentar todo esse segmento da Cidade,
para valorizar o esporte da nossa Cidade, para valorizar os times da nossa
Cidade, mas nós queremos mais do que isso; nós queremos uma Cidade com
qualidade de vida para o porto-alegrense. É isso que nós, reiteradamente, temos
colocado nesta Casa. Queremos continuar fazendo esse debate.
Não é possível
pensarmos na Cidade e nas estruturas que precisamos montar para apenas 2014 ou
para um evento como a Copa do Mundo. Nós temos que nos preparar para que a
Cidade tenha e possa ofertar qualidade de vida para o morador da cidade de
Porto Alegre; para isso, é necessário, sim, pensarmos a Cidade como um todo e
naqueles projetos que aqui estão aportando. Precisamos e devemos ter cuidado na
aprovação de projetos que são extremamente significativos e que, certamente,
vão incidir na estrutura da Cidade. Portanto, eu trago aqui este desafio, que o
Prefeito Fortunati comece imediatamente...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Luiz
Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Toni Proença,
na presidência dos trabalhos; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras;
senhoras e senhores, quando a Governadora Yeda Crusius quis comprar um pequeno
avião para poder visitar regiões de uma forma mais célere, a Bancada do PT, na
Assembleia Legislativa, fez um protesto enorme. Eu pensava, naquela época, que
a Bancada do PT estava sendo honesta e séria. Infelizmente, parece-me que, mais
uma vez, aqueles Deputados e aquelas pessoas vinculadas ao Partido dos
Trabalhadores, que agiram daquela forma contra a Governadora Yeda, estavam
sendo meros atores. Maus atores, porque, mais tarde, eles não poderiam
comprovar que os seus atos eram sérios, eram honestos, e isso é muito ruim para
o homem público. Se eles fossem sérios, se fossem honestos, eles teriam, com a
mesma veemência que utilizaram naquela época, também feito críticas, agora, à
Presidenta eleita do seu Partido, a Srª Dilma, que, mesmo tendo uma aeronave
com menos de cinco anos de uso, acaba encomendando e quer ter para si, para
fazer os trajetos curtos e longos uma aeronave mais poderosa do que aquela que
nós chamamos de “aeroLula”.
Eu acredito que
começa mal a Srª Dilma. Eu acreditava que a Srª Dilma fosse começar a sua
administração pensando em melhorar a Saúde; pensando numa Educação melhor;
pensando em não mentir, assim como aconteceu muitas vezes, porque ela chegou a
falar que tinha formação em Economia na Unicamp e, depois, descobriu-se que não
tinha nada disso, mas, já que ela se elegeu Presidenta, eu gostaria que ela,
realmente, se preocupasse agora com aqueles temas que têm preocupado todos nós
como, por exemplo, a divisão de renda. Mas, Verª Sofia, eu vejo que a primeira
preocupação da Presidenta eleita foi comprar uma aeronave maior. E onde estão,
Verª Sofia, os seus companheiros que criticaram a Governadora Yeda porque
queria um pequeno avião para poder visitar o Rio Grande do Sul? Desapareceram,
não vieram à tribuna. Hoje ninguém aqui fez nenhuma citação a esse episódio;
todos ficaram absolutamente calados. Eu só não vou dizer todos, porque, como a
Verª Sofia ainda vai ocupar esta tribuna depois de mim, pode ser que ela
critique a sua Presidenta, que vai tomar posse, a Srª Dilma. Mas, até agora,
como eu não vi ninguém, eu estou fazendo essa crítica. Não vou estender a
crítica à Verª Sofia, porque pode ser que ela venha até a tribuna e realmente
faça tudo aquilo que fazem as pessoas que praticam política com seriedade, com
o mesmo pensamento que tinham contra a Governadora Yeda; que também manifestem
esse pensamento contra esse ato, que eu acredito que seja contrário aos
interesses públicos praticados pela Presidenta eleita, Dilma. Ficarei aqui
aguardando, ouvindo o pronunciamento da Verª Sofia, porque eu tenho certeza
absoluta de que ela também não aprova a compra dessa grande aeronave que ainda
não sabemos para que vai servir.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): A Verª Sofia
Cavedon está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Vereador-Presidente
Toni Proença; infelizmente, Ver. Braz, não vou comprar esse debate, porque eu
não poderia defender a Dilma falando em nome da oposição, da Verª Fernanda;
então, farei oportunamente - viste como eu me sai bem?!
Há um tema mais
importante do que o da compra de aviões - que, ao devido tempo, será debatido
pela sociedade -, que é um tema que continua um pouco o debate que a Verª Maria
Celeste trouxe e que já aponta uma alternativa para as mudanças que a Cidade
está vivendo. Ontem à noite, eu participei de um Seminário promovido pela
Região 6 de Planejamento - a Coordenadora Anadir Alba promoveu e convidou todos
os representantes das Regiões de Planejamento -, sobre o Estudo Prévio de
Impacto de Vizinhança, um instrumento que a cidade de Porto Alegre já poderia
ter desde de 2002 e que faz uma falta imensa para a cidadania de Porto Alegre
nessas transformações que a Cidade está vivendo não só dos grandes projetos de
impacto urbano de segundo e terceiro graus, mas da aplicação pura e simples do
Plano Diretor, principalmente na Região do Centro da Cidade. Atualmente, todo o
dia a qualidade de vida do cidadão de Porto Alegre é atingida por projetos
aprovados pela Prefeitura, e o cidadão não tem instrumentos para defender, por
exemplo, o seu direito ao sol.
A cidade de Porto
Alegre, segundo o Censo, é uma Cidade que está crescendo bem pouco; no último
período só aumentou em 10 mil,12 mil pessoas, ou seja, é uma Cidade que não tem
necessidade de tantas construções, mas que vive um fenômeno de transformação de
bairros inteiros, que eram unifamiliares e que agora estão enfrentando
edifícios e espigões ao lado de moradias. Quem gosta de morar em casa está
tendo que se mudar, porque o sol do seu pátio terminou, a sua janela não tem
mais sol. O último episódio - mais grave, mais dramático - foi, Verª Fernanda,
o do apelidado “espigão da Lima e Silva”, construção que a Prefeitura tão
nitidamente teria instrumentos para evitar, porque, afinal, ela implica sombra
o ano inteiro para dois andares, pelo menos, de um edifício consolidado ali há
muitos anos, pois é um edifício que não tem lateral, que só tem sol pelos
fundos, e esse sol nunca mais vai bater na janela do cidadão, Ver. Brasinha. E
tudo isso foi levado para o Governo Municipal, para o Ministério Público, e a
argumentação do Ministério Público foi “Não posso fazer nada”.
Não tem, na Cidade de
Porto Alegre, o Estudo de Impacto de Vizinhança regulamentado, lamentavelmente
- e ontem fiz essa crítica ao Secretário Márcio Bins Ely, que lá estava. A
Prefeitura de Porto Alegre disse que o problema agora é o Plano Diretor, que a
nossa votação do Plano Diretor apenas previu o Estudo de Impacto de Vizinhança
e não o regulamentou. Ora, nós entendemos que não deveríamos regulamentar o
Plano Diretor no detalhe. Nós trouxemos, do Estatuto da Cidade, a previsão do
Estudo de Impacto de Vizinhança, está ali, no Plano Diretor, que, aliás, esta
semana foi promulgado, finalmente. Está no Diário Oficial de anteontem.
Ontem à noite, foi
afirmado que, pelo art. 38, o EIV poderia ser dispensado em função do EIA-RIMA, mas é o contrário! O art. 38 é explícito, eu verifiquei hoje: o
artigo diz que o Estudo de Impacto de Vizinhança não dispensa o Estudo de
Impacto Ambiental, ou vice-versa. Portanto, a Prefeitura está novamente enrolando
e não manda para cá um projeto de lei para regulamentar o Estudo de Impacto de
Vizinhança. A cidade de Porto Alegre precisa preservar a sua qualidade de vida,
e esse é um instrumento fundamental. Eu espero que a gente possa enfrentar, em
seguida, a regulamentação, porque não há motivo de nós assistirmos, todos os
dias, à agressão aos direitos, à ampliação do conflito do trânsito e à
densificação que não tem absorção na infraestrutura da Cidade. Portanto, ou a
Copa vem para melhorar a qualidade de vida, ou nós teremos, na verdade, sobras
de guerra depois da Copa e nos lamentaremos muito, Ver. Braz. Por isso, um dos
instrumentos que nós queremos ver regulamentados é EIV. Eu espero a sua
parceria, porque eu tenho certeza de que tanto o PSDB quanto o PT, quanto o
PSOL, estão aqui servindo a população para melhorar a qualidade de vida, e não
para deteriorá-la. Muito obrigada, Ver. Toni, pela tolerância. Obrigada a
todos.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Não havendo
mais nenhuma inscrição, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 16h37min.)
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